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Cluster de Economia Marítima (I)
ARACRUZ SAI DOS GRILHÕES DA ECONOMIA DO DESERTO VERDE, ALAVANCA CAPITALISTAS NATIVOS, DE OUTRAS REGIÕES DO PAÍS E DO EXTERIOR.
Em 2007, o Governo do Estado assinou um protocolo de intenções com a Petrobrás para projetos na cadeia produtiva de petróleo e gás no Espírito Santo. Aracruz está entre os municípios capixabas que a empresa está investindo para alavancar seus empreendimentos em alto-mar, atraindo empreendedores das mais diversas procedências. Um terminal de GLP e um estaleiro naval foram os projetos previstos nesse protocolo, ambos em fase de implantação no município.
Para o campo Golfinho, no litoral do município, as reservas são estimadas em 450 milhões de barris de óleo leve. Dois navios plataformas da Petrobrás atuam no litoral aracruzense ( Investor’s Guide de Aracruz, p. 36) :
- O FPSO Cidade de Vitória,ancorado a 50 km da costa, operando no campo de Golfinho, produz até 40 mil barris/dia e 500 mil m3/dia de gás natural.
- O FPSO Cidade de São Mateus, no campo de Camarupim, produz uma média de 2,5 milhões m3/dia de gás natural. O gás é escoado por um gasoduto marítimo até a Unidade de Tratamento de Gás de Cacimbas, em Linhares, onde é tratado e entregue ao mercado.
O município conecta o gasoduto Cacimbas-Porto, ligando as plataformas do Norte do Estado, em Linhares, ao Porto da Barra do Riacho, em Aracruz. O GLP e a gasolina natural escoados por ali – do polo de Cacimbas até o terminal – serão tratados, armazenados e embarcados em navios de transporte. Para tanto, serão implantadas esferas pressurizadas, sistemas de secagem e refrigeração, tanques para o GLP e tanques pressurizados para a gasolina natural.(Investor’s Guide, p. 28-29).
Com a sorte está sorrindo para o município de Aracruz, é um risco para a administração municipal contar sempre com ela, sem um plano com cenários estratégicos para avaliar tanto dos impactos positivos quanto negativos no longo de prazo.
Se tais benefícios são inequívocos também não se pode fazer ouvidos moucos para as vozes que dizem que o petróleo nem sempre traz prosperidade, favorecendo a população socialmente desfavorecida.
Desejável a identificação dos elos de realiamentação ( feedback loop) no conjunto dos agentes que formam esse cluster, com caráter heterogêneo.
Pode-se dizer que se trata do limiar de uma nova economia municipal, saindo de mais de quatro décadas sob a domínio da economia do “deserto verde”, comandada pela Aracruz Celulose (hoje Fibria).
A produção local de celulose dispõe de uma infra estrutura portuária própria, foi sem dúvida o elo inicial na formação daquilo que estamos classificando, com as devidas ressalvas na ausência de apropriada visão científica , como “cluster em economia marítima”. Hoje através desse porto privado são embarcadas 75% da produção nacional de celulose de fibra curta branqueada.
O cluster aqui não se compara ao seu homogêneo da economia industrial de grande escala, porque este, se espelha para si mesmo ; mas diante de uma economia flexível e totalmente globalizada, pode ser considerada anacrônica neste século XXI porque não dá prioridades ás formas de vidas sustentáveis, envolvendo interconexões homeostáticas, focada somente no lucro empresarial.